Eu amo um trabalho (a frase que mais falei em todo esse tempo estagiando no DI)

Motivo nº:n+123

UMA EXPERIÊNCIA COM ESTÁGIO NA ÁREA DE LINGUÍSTICA: REVISANDO E PRODUZINDO CONTEÚDO EM UM DICIONÁRIO ONLINE

Meus dois maiores medos ao entrar na graduação eram as duas coisas que me habilitariam como profissional e que teriam o maior peso para a conclusão deste ciclo: o famigerado Trabalho de Conclusão de Curso e a realização do estágio na área.
O segundo veio antes do primeiro. No começo do terceiro ano já comecei a me preocupar: como arrumar um estágio na área de linguística, uma área tão ampla, mas tão pouco conhecida? Quais lugares contratariam? Os estágios seriam ou não remunerados?
E essa última pergunta era a que mais me preocupava. Ser bolsista alimentação-moradia não é suficiente para manter-se com dignidade em uma universidade pública quando você ainda precisa de dinheiro para tratar de questões de saúde e de lazer (e esta implica diretamente a primeira, mas posso me aprofundar nessa questão em outro post). Ou seja, me ocupar com um estágio não-remunerado tiraria o tempo que sobrava para uma atividade remunerada. Logo, era preciso conciliar a obrigação a um retorno financeiro.
Aqui, devo agradecer a uma veterana de curso que fez um post em seu Instagram, dizendo que conseguir um estágio na nossa área não era um bicho de sete cabeças. Bastava que ficássemos ligados nas oportunidades, montássemos um bom currículo e divulgássemos a nossa competência. Isto é, era preciso que vendêssemos o nosso peixe (e o nosso curso-bebê, pouco conhecido).
Então, no meu desespero do terceiro ano, mesmo fazendo estágio remunerado (porém não na minha área), segui os conselhos dessa veterana e comecei a mandar currículos para todas as vagas de linguística postadas no grupo da linguística na UFSCar.
Funcionou. O processo seletivo foi apenas de análise de currículo e a entrevista foi mais para o supervisor me apresentar o trabalho. Na segunda-feira seguinte estava eu no escritório do Dicionário Informal revisando e produzindo conteúdos!

O que é o Dicionário Informal?

Um site no qual os usuários podem enviar termos e suas definições. A plataforma preza pelos registros falados, ou seja, aquilo que é corrente no dia a dia do falante. 

O que eu fazia/faço?

As definições enviadas pelos usuários são revisadas buscando manter a autenticidade e originalidade da língua.  Quando acabam as definições para revisão, há uma lista de palavras que ainda não constam no DI e nós temos que defini-las com base em nossas próprias intuições de falante, de uma forma que o leitor possa compreender sem complicação.

Minha experiência

A realização desse estágio foi excelente para minha formação. Por meio dele, pude praticar o conhecimento linguístico que adquiri em diversas disciplinas ao longo do curso. Tive que tomar decisões quanto ao que seria corrigido, levando em conta os aspectos culturais e sociais dos autores das definições recebidas. Foi preciso também um olhar para o sujeito que estava ali naquelas definições, as memórias que muitas retomavam, refletindo o modo como o significado de um conceito pode se alterar a depender do tempo, do lugar e de quem o está usando. Além disso tudo, fortifiquei meu conhecimento sobre regras gramaticais, seja na ortografia ou na estrutura das frase e, também, passei a saber de coisas além da linguística, uma vez que a busca pelos significados ampliava meu saber em diversos campos. 

O que posso dizer é que sou uma pessoa muito realizada com toda essa experiência. Muito realizada e muito grata! Colocar o que aprendi no curso em prática é gratificante, é como saber seu lugar no mundo como profissional e ter consciência de que esse papel é sim relevante para a sociedade.



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