Motivo nº:n+121
SOBRE CARNAVAL, MAMILOS E LIBERDADE FEMININA.
Sexta-feira véspera de Carnaval. Já consigo sentir o frenesi da galera (e olha que minha cidade natal, devido ao seu tamanho populacional, não seria digna de ser representada com um auê carnavalesco).
Como já comentei aqui uma vez, não sou a pessoa foliona que está nos bloquinhos cheia de glitter (cá entre nós até que gostaria de ser). Tínhamos até planos, Isaac e eu, de irmos para São Paulo (não somente pelo carnaval). Mas as condições financeiras não estão rolando para ambos no momento. Então, adiamos o rolê e acabei vindo passar uma semana com minha família. Muito bem, nada novo sobre o sol, mais um tradicional feriado de carnaval em casa. Além do mais, o clima está para chuva. São Paulo teve altos picos de alagamento até semana passada e sabe Deus se não choveria de novo. Aqui, na minha cidade natal, por exemplo, está chovendo. Eu e minha irmã, hoje, por exemplo, tomamos o maior chuvão ao voltarmos a pé do mercado.
Enfim. Cá estou. E hoje, com o tema feminismo e em clima de carnaval, trago umas reflexões sobre a liberdade feminina e essa tradicional festa.
Navegando no Instagram, dois posts me chamaram a atenção nesses últimos dias. O primeiro foi sobre o acessório tapa-mamilos. Uma blogueira fez uma enquete sobre qual a opinião da galera sobre o uso do tapa-mamilos no carnaval. Para quem não sabe, o acessório foi tendência já no pré-carnaval do Rio de Janeiro e, claro, dividiu opiniões. Entre as vantagens, a sensação de liberdade foi a de número 1 entre as adeptas, além do conforto e de não passar calor. Mas o tapa-mamilos não é de agora, famosas já usaram em outros carnavais.
Pesquisando sobre o assunto, encontrei o relato da colunista do site Universa, Júlia Flores, que conta sobre a experiência que teve ao usar o acessório, relatando tanto que se sentiu de início envergonhada e depois livre, quanto como teve de enfrentar situações de reprovação e mesmo de assédio. Em todas as pesquisas, o recomendado sempre era que, para o uso despreocupado de tapa-teta, o essencial era estar num ambiente seguro. Ou seja, nada de lugares públicos como metrôs e ônibus. Conforme a experiência da colunista, até mesmo em determinados blocos de carnaval ela teve de lidar com situações negativas o que a levou a um bloco LGBT, onde finalmente teve paz para usar o acessório.
Mamilos são polêmicos, todos sabemos. Mas talvez não os mamilos em geral, e sim os femininos, pois, se fossem todos, os homens não andariam sem camisa com tamanha naturalidade. Há tabu e preconceito até mesmo com as mães que necessitam de amamentar seus bebês em um local público!
Vamos lá, o segundo post que eu vi dizia respeito ao fato das mulheres usarem o carnaval para manifestar o feminismo. E, bem, o feed que publicou esse post era feminista. O que o post trouxe para mim foi: as mulheres não devem tirar a roupa no carnaval, porque fazer isso satisfaz a objetificação dos homens ao corpo feminino. Então, fiquei pensando. Se cada vez que uma mulher deixar de fazer algo (que queira) porque aquilo vai satisfazer um homem, então ela não fará mais nada. Nesse raciocínio, a mulher não estaria ainda (talvez mais) escrava do patriarcado, restringindo uma vontade sua para não satisfazer um homem, mas deixando de fazer algo por sua condição de mulher? Tudo bem que temos diferentes vertentes de feminismo, mas o que me incomoda é até que ponto restringir a liberdade feminina com argumento de satisfação masculina vai trazer igualdade para os gêneros? Para mim, a mulher que manifesta sem roupa no carnaval e a que posta contra ela nas redes sociais, as duas à 80km, não podem dizer quem é mais feminista, ou qual manifestação tem mais peso na causa. Na minha visão, o problema maior é tirar o direito de liberdade de expressão de outra mulher que vise o mesmo objetivo que o seu.
Fica aberta a discussão!
=)
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